terça-feira, 4 de agosto de 2015

Você não acredita quando acontece

De muito tempo observando a vida, e revisitando coisas que vi durante minha trajetória, cheguei a um ponto de reflexão onde o novo às vezes me assusta...
As batalhas que enfrentamos são as mais duras e cruéis, passamos por vales e montanhas, duras caminhadas em busca do eldorado, e nem importa se esse lugar seja tão mágico como muitos pensam, pode ser um lugar calmo, uma praia de águas claras e mornas, um topo de serra que te coloque bem no alto para observar a criação divina, ou a carinha doce de um filhote de qualquer espécie. O fato é que a caminhada é sempre tão dura que quando você alcança o seu objetivo e vê o intento de sua luta parece ser uma miragem.

Será que nesse momento se tem algo para fazer? Diante do seu eldorado é possível encarar ou fugir de fato? Ou simplesmente está feito?

De fato a grande pergunta aqui é: o que eu faço agora??? Como se fosse um baile de máscaras, onde você busca incessantemente o seu par perdido no meio dos rostos ocultos, que quando sua cara metade chega e é a sua vez de dançar suas pernas estão tão cansadas que precisam parar para respirar, sem ter fôlego o suficiente para te manter em riste e sorver a magia do momento.

Como será que o baile segue agora??? Como se manter firme, dançando, se suas pernas te abandonaram, mesmo estando lá, batendo um joelho no outro?

Não tenho respostas, só muitas perguntas, mas de fato a visão do eldorado traz um prazer ímpar, inenarrável, com uma ansiedade tão gostosa que te faz respirar curtinho, como se o fôlego te faltasse.

E permaneço assim, de frente para a paisagem que eu busquei por muito tempo, passei por todas as trilhas, mas estou em êxtase sorvendo o que meus olhos não estão crédulos de estarem de fato vendo.


Beijos da Linda, até a próxima

terça-feira, 26 de maio de 2015

Pacto do Tempo

Era uma novidade para ela estar entre pessoas de uma área tão distante da sua. Quando adolescente, flertou por aquelas cercanias pelas mãos do voleibol, mas deixou tudo isso para trás e foi beber na fonte do jornalismo. Mas poucas coisas ali resgatavam memórias interessantes, de modo que tudo estava tão cinza, tudo tão frio...
De toda forma, vendo aquelas pessoas estranhas, com uma conversa que não tinha absolutamente nada de comum, ela viajava por entre seus muitos devaneios, anotava algumas ideias, pensava em outras, olhava para o relógio, chamando o tempo para se compadecer dela, numa cumplicidade sigilosa, e correr muito, batendo todos os recordes de velocidade jamais alcançados. E assim foi se acomodando em uma cadeira nada confortável, sentindo a friagem da sala caindo sobre sua pele macia e clara, como se estivesse num velório de um estranho, sem sentimento, sem dor, sem nada.
De longe, estando perdida em seus pensamentos, ouviu um ranger vindo da porta, que ela não teve nem coragem para olhar. Entrou de lá um cheiro de banho recém tomado, um calor que ela não conhecia e a um vulto que levou seus pensamentos para mais distante ainda, a levou para longe. Em poucos segundos se misturaram curiosidade, inquietude e uma vontade louca de rascunhar aquele sentimento, mas, ela, tímida, mesmo sem parecer, esperou que a figura entrasse de fato e tomasse conta do seu campo de visão.
Surgiu o inesperado. Seus olhos passearam pelos cabelos molhados daquela figura arrumadinha que não combinava com o ambiente, um andar bem disposto, de quem acorda cedo e sem preguiça, muito diferente de todos os seus amigos jornalistas, que ela bem conhecia, um porte firme, com uma pele banhada de sol que aqueceu todos os seus sentidos. Ela vibrou!
Foram uns poucos segundos do mais puro desejo de encher a todos com tantas perguntas quanto fosse possível, saber quem quem era aquele ser que tinha tomado seus sentidos, mesmo sem pedir licença, e a resgatou para a vida do momento, momento em que tudo se mostrava tão morto.
E, entre um suspirar e outro, ela se colocou de fato ereta na cadeira, e o tempo, ahhhh o tempo, aquele que tinha feito um pacto com ela, há alguns minutos, cumpriu a sua parte no trato, e voo pela pista, chegando antes de todo mundo, correndo o mais rápido que alguém já tinha visto.
Sem entender direito o que estava acontecendo, como se levada pela lambida que o mar dá na areia na maré alta, todos se foram, ela o perdeu de vista, sem saber quem era, como passou por ali sem deixar rastro, mas tendo registrado em sua memória cada detalhe daquela linda paisagem que a salvou do tédio.
Suspirou e seguiu... olhou para trás por umas duas vezes para tentar encontrar aquela paisagem novamente, mas nada tinha por lá, restou para ela olhar para a frente, e seguir olhando para a cena congelada no horizonte.

Bjs da Linda e até a próxima.